Estátua símbolo do Brasil faz 90 anos neste 12 de outubro de 2021
Imagem mais famosa do Brasil, o Cristo Redentor completa 90 anos, e a história da sua construção ainda é pouco conhecida dos brasileiros. Neste (12/10/21) aniversário de 90 anos, é um bom momento para conhecer a história do que foi erguer um monumento de 38 metros de altura, no alto do morro do Corcovado, a 710 metros do nível do mar. E com os braços abertos.
Google Maps Corcovado, Cristo Redentor
“É a história do Brasil que está ali. Envolve a política, a república, a monarquia, o Getúlio Vargas, que inaugurou (a estátua),” afirma Rodrigo Alvarez, jornalista e autor do livro Redentor, lançado para o aniversário do Cristo Redentor. “Há um grande contexto brasileiro no Cristo Redentor. Não é à toa que quando tem um problema no Brasil, as revistas internacionais colocam o Cristo na capa. O Cristo é a imagem do Brasil”, conclui.

Por muito tempo a documentarista Bel Noronha, assim como muita gente, chegou a acreditar num mito de que a estátua teria sido um presente da França para o Brasil. Ela achava que a família estava exagerando quando ouvia em casa “vovô fez o Cristo”. Até que começou a pesquisar o assunto para a realização do documentário Christo Redemptor (2005) e depois De braços abertos (2008) e resgatou memórias e documentos que estavam sendo esquecidos.

Bel Noronha é bisneta de Heitor da Silva Costa, o engenheiro e arquiteto que venceu um concurso organizado por um grupo de católicos em 1921 com a finalidade de promover a construção de uma estátua em homenagem a Jesus Cristo para o centenário da independência, no ano seguinte. Foi o brasileiro que liderou o projeto, da concepção até a entrega da obra, em 12 de outubro de 1931.
O teólogo Alexandre Pinheiro, coordenador do Núcleo de Acervo e Memória do Cristo Redentor, conta que não foi fácil na época conseguir a autorização do governo republicano para a obra. Um abaixo-assinado de 20 mil mulheres, lideradas pela escritora Laurita Lacerda, ajudou a vencer a resistência do então presidente Epitácio Pessoa.
A arquidiocese do Rio de Janeiro organizou uma campanha de arrecadação de fundos que mobilizou não só o Rio de Janeiro, mas todo o Brasil. Toda a construção do Cristo foi financiada com o dinheiro das doações dos brasileiros, destaca Pinheiro.
Heitor da Silva Costa buscou parcerias na França para a obra. Para fazer os cálculos estruturais, contratou o engenheiro Alberto Caquot e para fazer a estátua, o escultor Paul Landowski, grande expoente do movimento art déco. Landowski mandou a maquete de 4 metros para o Brasil de navio. As cabeças e as mãos foram feitas em tamanho natural.

A escultura foi produzida em concreto armado e revestida em pedra-sabão. Grupos de mulheres se reuniam na casa paroquial para fazer os mosaicos que eram posteriormente aplicados na estátua. Muitas escreveram os nomes de namorados e outras pessoas queridas atrás das peças únicas, que no somatório que compõem a grande estrutura.